A dor e o prazer são mecanismos universais.
Tudo que vive está sujeito a eles. A história da humanidade ainda é um livro
com dor e sofrimento. E voltamos à velha questão: por quê?
É uma punição? Uma reparação do passado? Uma
expiação? Será uma grande brincadeira do destino? O que é afinal?
Fundamentalmente são considerados reflexos de
uma lei de equilíbrio.
A dor e o prazer são duas formas extremas e contrastantes da sensação. Para suprimir uma ou outra, seria necessário suprimir a sensibilidade, o que é impossível. São, pois, inseparáveis em princípio e ambos necessários à evolução.
A dor física produz sensações; o sofrimento
moral produz sentimentos. Mas, no íntimo, sensação e sentimento confundem-se.
Assim, o prazer e a dor não estão nas coisas externas, mas em nós mesmos, por
isso cabe a nós regular as sensações, disciplinar os sentimentos, dominar uns e
outros, e limitar-lhes os efeitos. Em suma, viver com sofrimento ou ter prazer
em viver são consequências diretas de nossas escolhas e do modo como encaramos
a vida.
Epíteto dizia: "As coisas são apenas o que
imaginamos que são". Cabe-nos, pela vontade, entender a dor e torná-la
proveitosa.
Se a dor nos aponta as causas do sofrimento, o
prazer nos impulsiona às descobertas. Se o homem não fosse incitado ao uso dos
bens da terra, sua indiferença poderia comprometer a harmonia do universo:
temos o atrativo do prazer que nos chama ao cumprimento dos objetivos da
Providência, ao mesmo tempo que põe a teste sua relação de domínio sobre eles,
dentro da proposta de ser senhor das coisas da terra.
A dor e o prazer são também verso e reverso de uma mesma moeda ou, se quiserem, mais um dos movimentos cíclicos da evolução. O excesso de prazer pode conduzir à dor, mostrando-nos uma fraqueza da personalidade, caso típico das relações com substâncias químicas que geram dependência, mas pode-se dar também em questões morais, como, por exemplo, o prazer de mandar, mostrando uma face autoritária do ser.
Esses excessos trarão reações idênticas como
retorno, desencadeando doenças aflitivas ou nos abrindo as portas da solidão,
do abandono.
A ausência ou a negação do prazer, ensinada por muitas correntes religiosas e filosóficas, são desestruturadoras, pois negam a natureza humana, acarretam dor, comportamentos apáticos, doentios, depressivos.
Somos os interessados diretos e principais
responsáveis por nossas escolhas. Não é porque somos punidos ou culpados que
sofremos, é porque esse é o mecanismo da vida para nos alertar quanto às
escolhas que fazemos. Somos responsáveis por nossos atos, por nossas escolhas,
que desenham ao nosso redor as experiências que vivemos.
Autora: Ana Cristina Vargas
Reflexão selecionada pela Equipe Coaching e
Vida
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